Projeto Olmos: os desafios para a construção de um empreendimento que atravessa os Andes.

Escrito por: Thainá Araújo

No Peru, o Projeto Olmos é uma construção de transposição de bacias que prevê o desvio da água do Rio Huancabamba para uma das regiões mais desérticas do país, através de um túnel subterrâneo ao longo da Cordilheira dos Andes para a irrigação de 43 mil hectares de terras.

Figura 01- Projeto Olmos.

Fonte: Mundo OEC, 2021.

Desafios enfrentados pela Engenharia

A construção do Projeto Olmos, pensado pela primeira vez em 1924 pelo presidente peruano Augusto Bernardino Leguía (1863-1932), foi realizada pelo Concesionário del Proyecto Irrigación Olmos, que constitui a empresa H2Olmos S.A., subsidiária da Odebrecht Peru, contratada pelo governo peruano como a responsável pela execução do projeto e pela operação e manutenção de todo o sistema de irrigação por 25 anos.

A execução do projeto foi constituída de algumas obras, sendo elas:

 1) a Barragem Limón do Rio Huancabamba, com 43 metros de altura e 332 metros de comprimento;

2) o Túnel Transandino, o segundo mais profundo do mundo, com 19,3 km de extensão e 4,80 metros de diâmetro;

3) uma grande estrutura de concreto na parte baixa de Miraflores, onde saem águas para a zona irrigada.

O grande desafio para os engenheiros foi, certamente, a construção do Túnel Transandino, que atravessa a Cordilheira dos Andes e permite o transporte de água da vertente do Atlântico (oriental) para a vertente do pacífico (ocidental). Além de ser uma obra de difícil execução, por atravessar a mais cumprida cadeia montanhosa do mundo, o processo de construção deste túnel contou com dificuldades impostas pela natureza.

Figura 02- estrutura interna do Túnel Transandino.

fonte: ISTOÉ Dinheiro, 2010.

Desafio nos Andes

No centro da cordilheira, as temperaturas podem alcançar até 54°C, dificultando o transporte de materiais e exigindo um planejamento detalhado e complexo. Outro grande obstáculo, segundo o engenheiro Paulo Tassi, Gerente de Engenharia da Odebrecht, são os “estalidos de rocha”, fenômeno que, por conta da perfuração, diminui a pressão que mantém a rocha em pé e gera tremores de terra.

 À medida que se avançava a escavação, a rocha se tornava cada vez mais resistente, chegando ao ponto de o equipamento Tunnel Boring Machine (TBM) não conseguir mais avançar e sofrer danos relevantes. Entretanto, a criatividade e a colaboração entre profissionais peruanos e brasileiros permitiram a continuação das escavações, após o reparo do TBM, a partir da implementação de detonações prévias.

Assim, a região de Olmos, que é fértil, mas sofre com a escassez de chuvas, passou a receber água do Rio Huancabamba. O fluído agora é transportado por um canal de 15,6 km de extensão com capacidade de 22 m³/s e por tubulações que atingem cerca de 44,6 km.

Com isso, todos os proprietários das áreas atingidas pelo projeto puderam contar com a garantia de oferta constante de água, acesso à rede de rodovias nacionais para o transporte dos insumos produzidos e o fornecimento de energia elétrica.

Impacto social da construção do Projeto Olmos

O projeto permitiu irrigar 43.500 hectares de terras não cultivadas na Região de Lambayeque, sendo 38.000 hectares do Valle Nuevo, terras leiloadas e concedidas por empresas agroindustriais, e 5.500 hectares do Valle Viejo, propriedade de pequenos produtores, e a Comunidad Campesina Santo Domingo de Olmos.

Os territórios escolhidos para a realização do projeto de irrigação foram estratégicos, uma vez que já possuíam solos férteis, mas que, por conta da escassez de chuvas e clima desértico, não tinham potencial produtivo.

“Essa obra permitirá cobrir a demanda de produtos agrícolas

para o mercado interno e reforçará a agroexportação e, além

disso, abrangerá estradas, energia, tecnologia, conectividade

e um parque industrial”

Humala Tasso (Ex-presidente do Peru) 

Os resultados desse grande empreendimento, inaugurado em 2014, puderam ser vistos pouco tempo após sua implementação, pois já é possível colher mirtilo, aspargo, milho, manga, maracujá, abacate, uva e cana-de-açúcar, produtos que ajudaram a desenvolver a agroindústria e permitiram um maior fluxo de exportação, tendo como previsão a criação de 40.000 empregos diretos e mais de 120.000 empregos indiretos.

Figura 03 – Plantação de mirtilos no Peru.

Fonte: Mundo OEC, 2021.

Referências

Mundo OEC. Projeto Olmos, no Peru. Um dos maiores desafios da engenharia. Disponível em: Projeto Olmos, no Peru. Um dos maiores desafios da engenharia | Mundo OEC (oec-eng.com). Acesso em 16 de abril de 2022.

Engenharia dos Fatos. Projeto Olmos, um dos maiores desafios da engenharia de irrigação, vem dando resultados produzindo alimentos e empregos. Disponível em: ENGENHARIA DOS FATOS: PROJETO OLMOS, UM DOS MAIORES DESAFIOS DA ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃO, VEM DANDO RESULTADOS PRODUZINDO ALIMENTOS E EMPREGOS. Acesso em 16 de abril de 2022.

Jornal do Brasil. Projeto Olmos: irrigação e desafio no Andes. Disponível em: Projeto Olmos: irrigação e desafio nos Andes (jb.com.br). Acesso em 16 de abril de 2022.

ISTOÉ Dinheiro. Odebrecht atravessa os Andes. Disponível em: Odebrecht atravessa os Andes – ISTOÉ DINHEIRO (istoedinheiro.com.br). Acesso em 16 de abril de 2022.

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