Drywall: Fabricação, Utilização e Vantagens

Conheça detalhes da tecnologia que combina estruturas de aço galvanizado com chapas de gesso

Drywall é o sistema para construção de paredes e forros mais utilizado na Europa e nos Estados Unidos. Por fora, parece uma parede de alvenaria. Por dentro, o Drywall é um show de tecnologia: combina estruturas de aço galvanizado com chapas de gesso de alta resistência mecânica e acústica, produzidas com rigoroso padrão de qualidade. Com o Drywall também é possível a execução de revestimentos e mobiliários integrados.

No Brasil, o sistema drywall chegou há 20 anos, ganhando espaço nos últimos anos em função da presença de três grandes fabricantes europeus deste sistema: Lafarge (francesa), Knauf (alemã) e a Placo (francesa).

Possui grandes vantagens sobre o sistema convencional, com montagem rápida, limpa e seca

O sistema drywall vem mudando o conceito de paredes e o processo da construção civil, por ser um sistema limpo, rápido, econômico e racional. Muito utilizado na construção civil, principalmente para áreas comerciais, o drywall consiste em chapas de gesso galvanizado que permitem instalações elétricas e hidráulicas por meio do sistema de fixação a pólvora em tetos (chumbadores químicos) ou aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado. As paredes de gesso são mais leves e com espessuras menores que as paredes de alvenaria.

Fabricação

O drywall é constituído basicamente de uma estrutura metálica leve em perfis de aço galvanizado formada por guias e montantes, sobre os quais são fixadas placas de gesso acartonado, em uma ou mais camadas, gerando uma superfície apta a receber o acabamento final (pintura, papel de parede, cerâmica, etc).
Apesar da aparência frágil, as chapas de drywall que possuem os dois versos de cartão e o recheio de gesso aditivado, são resistentes. Isso, porque o pó de gesso nada mais é do que a rocha gypsita desidratada, e, em contato com a água, ele vira pedra de novo. Além disso, para áreas molhadas ou que sejam mais propensas ao fogo, há versões especiais.

O Gesso Acartonado

A tecnologia da construção seca está cada vez mais substituindo as técnicas construtivas tradicionais e já está incorporada aos projetos arquitetônicos. O gesso está participando das técnicas modernas na fabricação de painéis para paredes, forros e revestimento. O gesso acartonado surgiu por volta de 1895 nos Estados Unidos, criado por Augustine Sackett, juntando a resistência à tração, que é proporcionada pelo cartão, e a resistência à compressão, proporcionada pelo gesso.
O painel de gesso acartonado é composto por um ‘sanduíche’ de cartão-gesso-cartão; esse ‘recheio’ é obtido través da mistura do gesso comum a alguns aditivos que:

  • aumentam a porosidade da pasta para tornar o painel de gesso acartonado leve (10Kg/ m²);
  • aumentam a resistência mecânica;
  • aderem o cartão ao gesso.

O cartão empregado nos painéis é fabricado exclusivamente para este fim e recebe tratamentos em sua composição e estrutura (que são regidos por normas internacionais).

O gesso acartonado é resultante da experimentação bem sucedida da união de dois materiais com características bem distintas: o gesso e um papel cartão especial que juntos garantem melhorias qualitativas e quantitativas a qualquer construção, adquirindo assim a resistência a impactos, além do uso bastante divulgado como forro e também em divisões de ambientes substituindo muito bem a alvenaria, quando recebendo as devidas adaptações.

Além disso, esta combinação ‘sanduíche’ de cartão-gesso-cartão das placas de drywall, impedem que ocorram as indesejáveis trincas devido a constantes dilatações do material com as amplitudes térmicas e a secagem da massa de gesso, visto que este já sai seco da indústria envolto no papel que lhe dá rigidez nas dilatações e impede o amarelamento do gesso.

  • Coeficiente de condutibilidade térmica 0,38kcal/cm².h.ºC;
  • Peso específico aparente 19g/cm³;
  • Resistência a tração 21kg/cm².

A fabricação dos painéis

A gipsita (gesso mineral), estocada ao ar livre, passa por um britador de impacto, que reduz a sua granulometria. Em seguida, é triturada e levada por uma correia transportadora até um silo,seguindo, então, para a fase de moagem e calcinação, onde perde cerca de 75% de água, tornando-se o pó que conhecemos como gesso.
O gesso é misturado à água e aditivos, formando uma pasta lançada num processo de laminação contínua entre duas folhas do cartão especial,que aderem química e mecanicamente ao gesso, formando painéis estruturados.
Em seguida passam pelo processo de secagem e cura, durante o qual as moléculas do gesso se reagrupam em cristais, readquirindo sua formação rochosa original, porém com um nível de pureza elevado.
Para garantir a qualidade dos painéis, todo o processo de fabricação segue normas e especificações brasileiras e internacionais.

A instalação dos painéis

O processo de instalação do drywall é mais simples, preciso e rápido se comparado com paredes de alvaneria. Porém recomenda-se que esse serviço seja feita por um profissional habilitado, credenciado pelas empresas fabricantes de chapas para drywall, pois as junções entre as chapas exigem técnica e prática.

O tamanho padrão das chapas é de 1,2 m x 2,4 m. O padrão de tamanho das chapas de drywall é de 1,2 m de largura, porém, algumas empresas oferecem chapas com tamanhos especiais que vão de 3 até 3,5 m de largura. A espessura convencional do drywall é de 1,5 cm para tetos e de 1,2 cm para paredes, mas pode haver variações.
Para cada 100 m² de drywall é necessário aproximadamente 3,5 kg de pregos revestidos, um balde de 19 litros de massa de rejuntamento misturada e um rolo de 150 m de fita.
Paredes de drywall podem receber cargas como as de armários de cozinha, TV, microondas, entre outras cargas equivalentes, porém, devem ser reforçadas internamente para receber essa carga.
Esse reforço interno das paredes pode ser feito com madeira tratada ou com chapa de aço galvanizada, utilizando distâncias recomendadas e buchas específicas para o sistema drywall.

Montada a estrutura principal, pode-se colocar uma ou mais placas de drywall, fazer tratamento acústico ou térmico, adicionar reforços necessários para sustentar armários ou pias e verificar onde serão usadas paredes especiais para umidade ou resistência ao fogo.
Terminada a montagem, a superfície resultante é uniforme, com aparência monolítica, e aceita qualquer tipo de revestimento: pintura, colagem, cerâmica, pastilhas e até mesmo pedras, como mármores.

Quanto à pintura, o drywall aceita melhor as tintas foscas, já as variedades brilho e semi-brilho devem ser evitadas. É recomendável contratar pintores com experiência com o material.

Para a isolação acústica são usadas várias placas com os seus vazios preenchidos com lã mineral. Por fim, para a fixação dos painéis, cada fabricante disponibiliza de um sistema de buchas e parafusos específico, incluindo pontos de ancoragem de cargas, que suportam até 30 kg por ponto fixo.

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Utilização

O sistema drywall é utilizado somente nos ambientes internos das edificações. Em caso de fechamentos externos o sistema utilizado é perfil de aço estrutural, conhecido como steel frame com fechamento de chapas cimentícias, que são mais resistentes à ação de ventos e chuvas.

Os painéis de gesso acartonado são utilizados para a construção de paredes, forros, ‘meias-paredes’ e para revestimento.
A placa de gesso de espessura de 7,50 a 15,50 mm revestida em ambos os lados por múltiplas camadas de papel resulta em espessuras finais das placas de 10 a 18 mm. As placas de gesso acartonado possuem bordas rebaixadas para execução das juntas, e podem ser de três tipos, de acordo com a utilização a qual se destinam:

  • Normais: (padrão ou standard), para paredes sem exigência especifica;
  • Resistentes à umidade: tratadas com produtos hidrofugantes, como o silicone.
  • Resistentes ao fogo: possuem aditivos para retardar a liberação de água da chapa, evitando o colapso da peça.

Espessuras, larguras e resistências podem ser ajustadas de acordo com o projeto. Pode-se aumentar o número de placas, elevando a resistência mecânica e ao fogo e melhorando a isolação acústica. Esta combinação já pode ser vista em muitos shoppings centers em São Paulo.

Vantagens

  • Menor espessura das paredes proporcionando aumento da área útil do imóvel;
  • Liberdade de formas no projeto arquitetônico;
  • As paredes podem ter qualquer forma, e podem receber qualquer tipo de acabamento;
  • São muito leves, diminuindo, portanto a carga da estrutura, permitindo a adoção de estruturas mais esbeltas, com redução e supressão de alguns elementos, tais como vigas sob as paredes;
  • Recebe qualquer tipo de acabamento;
  • Possuem boa resistência mecânica e excelente isolamento térmico e acústico;
  • Resistente ao Fogo, não propaga a chama;
  • A facilidade de instalação reduz o tempo de execução da obra e os custos de mão-de-obra;
  • Por ser uma construção seca evita perdas com massas e entulhos;
  • Instalações elétricas, hidráulicas, gás, telefone e outras são executadas e testadas durante a execução das paredes, evitando reabertura das mesmas, o que resultaria em desperdício de materiais, tempo e mão-de-obra.

Drywall e o Meio Ambiente

A tecnologia drywall, que rapidamente vem conquistando a preferência de arquitetos, incorporadores e construtores brasileiros, causa baixíssimo impacto no meio ambiente, em comparação com os sistemas construtivos tradicionais, notadamente a alvenaria. Em primeiro lugar, gera uma quantidade de entulho muito menor, de cerca de 5% de seu peso (contra 30% da alvenaria convencional), o que facilita sua coleta e seu transporte. Além disso, seus resíduos, notadamente os restos de chapas e de perfis estruturais de aço, podem ser totalmente reciclados.

Os restos de perfis de aço galvanizado já têm soluções de reciclagem consagradas no mercado, a exemplo do que ocorre com a maioria dos metais, que podem ser facilmente reaproveitados pela indústria metalúrgica. Por outro lado, no caso específico das chapas para drywall, que são produzidas à base de gesso, testes efetuados em indústrias de cimento comprovaram que são 100% aproveitáveis no processo de produção do cimento, pois este requer uma certa quantidade de gesso, que, quando originário das chapas para drywall, apresenta um grau de pureza superior ao de outros componentes desse material utilizados no mercado, em razão do apuro tecnológico que cerca sua produção industrial.

O gesso é um material ecológico em todas as suas fases de aproveitamento, desde a mineração da gipsita, sua matéria-prima, até a aplicação final dos sistemas de construção a seco baseados em chapas de gesso . Nestes, em particular, tem a capacidade de tornar os ambientes em que é utilizado mais agradáveis e confortáveis, em razão de suas propriedades físicas e biológicas:
  • Atua como regulador do clima, mantendo o grau de umidade do ambiente em equilíbrio;
  • É um isolante térmico e acústico natural;
  • Não é inflamável, proporcionando proteção contra o fogo;
  • É inodoro, livre de gases tóxicos;
  • Não é agressivo à pele, daí ser aprovado para uso biológico;
  • Tem baixa densidade e alta consistência;
  • É eletricamente neutro;
  • Não forma fibras nem poeira;
  • Não tem efeito cumulativo no organismo pois é eliminado na urina;
  • Sua extração, diversamente da de outras matérias-primas, não gera resíduos tóxicos e requer pouca interferência na superfície, em geral de duração relativamente curta.

Sistema drywall atende às Normas de Desempenho

O comportamento do sistema drywall em relação aos diferentes quesitos da Norma de Desempenho é explicado pelo consultor técnico da Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, Carlos Roberto de Luca, que esclarece: “Para que os desempenhos especificados sejam alcançados, deve ser obedecida a Norma de Projeto e Montagem desse sistema (ABNT NBR 15758), que oferece todas as orientações para a correta aplicação da tecnologia drywall em várias situações”. Alguns exemplos são apresentados a seguir.

Segurança estrutural – De acordo com ensaios realizados pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, todas as paredes drywall especificadas na NBR 15758 (desde a mais simples, mostrada na figura 1, com 73 mm de espessura, composta por estrutura com perfis de 48 mm de largura e uma chapa para drywall com 12,5 mm de cada lado) atendem a Norma de Desempenho no que diz respeito a: estabilidade e resistência estrutural; deslocamento e fissuração; solicitação de cargas provenientes de peças suspensas; impacto de corpo mole; impacto de corpo duro; e ações transmitidas por impactos nas portas. 

Figura 1

Acústica – A Norma de Desempenho estabelece níveis de redução sonora mínimo, intermediário e superior para paredes que separam unidades autônomas (dois apartamentos, por exemplo) e paredes que separam unidades das áreas comuns (entre sala ou quarto de apartamento e área externa). Uma parede drywall com 120 mm de espessura, composta por estrutura com perfis de aço galvanizado de 70 mm de largura com duas chapas de cada lado e lã mineral no interior (figura 2) isola de 50 a 52 decibéis e, assim, atende aos níveis mínimo e intermediário em praticamente todos os casos. Já uma parede como a mostrada na figura 3, com 200 mm de espessura, com dupla estrutura separada, duas chapas de cada lado e lã mineral no interior, atende com folga ao nível superior em qualquer situação, pois isola de 64 a 66 decibéis. Exigências ainda maiores podem ser atendidas com paredes drywall, como ocorre com a separação entre salas de cinema múltiplas instaladas desde o final da década passada em shopping centers de todo o país, praticamente todas elas executadas em drywall.

Figura 2

Figura 3

Comportamento ao fogo – O Corpo de Bombeiros estabelece níveis de resistência ao fogo em 30, 60, 90 ou 120 minutos, dependendo do tipo de edifício e da utilização de cada espaço interno. Uma parede com 73 mm de espessura, como a mostrada na figura 1, se enquadra na categoria CF 30 (ou seja, corta-fogo 30 minutos). Já uma parede como a mostrada na figura 2 está na categoria CF 60 (corta-fogo 60 minutos). Essas duas paredes atendem a praticamente a totalidade das paredes residenciais. Paredes com resistência a 120 minutos, como a mostrada na figura 4, são montadas com estrutura de 70 mm e duas chapas resistentes ao fogo (com 15 mm de espessura) de cada lado.

Figura 4

Forro em Drywall

Parede em Drywall

 

Fontes: http://www.metalica.com.br

http://www.drywall.org.br

http://www.placocentersantos.com.br

2 respostas para “Drywall: Fabricação, Utilização e Vantagens”

  1. O tempo vai passando e cada vez mais notamos a presença da tecnologia nos ramos da construção, o que de variados modos não é ruim, até mesmo pelo fato de auxiliar o movimento sustentável.

  2. Estas novas tecnologias para serem sustentáveis não podem comprometer, em nenhum aspecto, as gerações futuras. O gesso tem sido uma excelente solução na construção, associado ao sistema drywall, porém devem existir mais pesquisas para o reaproveitamento dos resíduos de gesso na obra e em caso de demolições.

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