Aeroporto de Kansai:  a construção do primeiro aeroporto flutuante do mundo.

Escrito por: Breno Facundo Portela

SOBRE O AEROPORTO

            O primeiro aeroporto flutuante do mundo foi o aeroporto de Kansai, sendo uma enorme inovação no contexto da engenharia civil, servindo como inspiração para o desenvolvimento de outros aeroportos flutuantes, sendo localizado em uma ilha artificial na baia de Osaca. Nesse sentido, o aeroporto tinha a vantagem de poder operar 24 horas por dia, pois não havia restrições devido a seus ruídos, uma vez que o que ele era isolado da cidade.

Figura 1 – Vista superior do aeroporto de Kansai

Fonte:Metálica

            O aeroporto de Kansai tem capacidade para 41 aviões, mais de 30 milhões de pessoas passavam por lá durante o ano e possui uma extensão de 40 quilômetros, podendo ser acessado de carro ou trem, por meio da ponte Sky Gate Bridge R , via rodoferroviária conectada à cidade de Rinku. Para a execução do projeto do aeroporto, foram necessários 10 mil trabalhadores, 10 milhões de horas e 20 bilhões de dólares, o que enfatiza a enorme complexidade dessa construção.

Figura 2 – Ponte Sky Gate Bridge R

Fonte: Japão Real

            Nesse sentido, um dos motivos para a construção desse tipo específico de aeroporto é o fato de faltar áreas planas, pois o país é essencialmente montanhoso. O local escolhido possuía enormes quantidades de argila fluvial no fundo do mar, o que dificultou ainda mais o desenvolvimento do projeto. Assim, grandes quantidades de areia foram utilizadas para absorver a umidade da argila e estabilizá-la para viabilizar a construção.

Figura 3 – Parte externa do aeroporto de Kansai

Fonte: Passageiro de Primeira

COMO FOI FEITO?

            A plataforma é apoiada em 1000 estacas, as quais atravessam 30 metros através da água, 20 metros através da lama, para, assim, chegar na rocha resistente, fixando-se em 40 metros de rocha. Além disso, a estrutura possui sensores para detectar quando o assentamento excede a tolerância máxima permitida (10 milímetros), em qualquer ponto, suportando de um modo muito eficiente fortes rajadas de ventos.

            O funcionamento das estacas é baseado em macacos hidráulicos, servindo como um ótimo sistema de calibração, o qual ajusta e fixa as estacas que estiverem sofrido movimentação. Esse sistema de regulagem funcionará durante 10 anos, até que todos os macacos fiquem em suas posições fixas.

            A estrutura foi idealizada para ser capaz de resistir a terremotos, sem sofrer nenhum dano, pois o lugar em que o aeroporto se localiza é conhecido por suas instabilidades sísmicas, não sendo rara a ocorrência de terremotos. Nesse contexto, Kansai se encontra à mesma distância do epicentro do abalo sísmico que atingiu Kobe. A ocasião teve a mesma intensidade nos dois lugares, mas o aeroporto não sofreu nenhum tipo de dano, demonstrando a eficiência da sua infraestrutura de resistência a esses eventos.

            Sua cobertura é formada por 82 mil painéis de aço inoxidável, com design peculiar em corte transversal e um arco irregular, fazendo os painéis refletirem a luz externa e concentrando o fluxo de ar por meio de um forro aerodinâmico até a área de passageiros, não sendo necessário a presença de dutos de ar, fazendo o aeroporto se comportar como um planador.

Figura 4 – Painéis de aço inoxidável

DIFICULDADES E RISCOS

Como o aeroporto foi construído de forma a flutuar sobre a água, foram necessários muitos esforços em colocar terra, pedras e usar colunas resistentes para dar a sustentabilidade necessária para que os níveis de afundamento da estrutura não fossem críticos, sendo esperado que ele afundasse cerca de 4 metros. Contudo, em março do ano da construção, ele já havia afundado 8 metros, com a situação tendendo a piorar a cada mês que passasse, devido ao solo instável do fundo da baia, que desde 2008 descia a uma taxa média de 7 centímetros por ano.

Para resolver o problema, começou-se a destinar cada vez mais terras com pedras para tentar amenizar essa ocorrência, com os gastos chegando na dimensão de aproximadamente 150 milhões de dólares. Além disso, o aeroporto não afundava de modo homogêneo ao longo de suas dimensões, havendo lugares que afundavam mais que outros, podendo ocasionar graves rachaduras em sua estrutura.

Nesse sentido, foram utilizadas vigas fundidas e macacos hidráulicos, para aguentar até 3 toneladas e deixar a estrutura na mesma medida. Os macacos foram colocados juntamente com sensores, justamente para ocorrer o monitoramento dessa tendência de a construção afundar.

Outra preocupação constante era o fato de o aeroporto não resistir à incidência de terremotos, pois a localidade está no Círculo de Fogo do Pacífico, região de intensa atividade sísmica, com riscos reais de terremotos, tempestades, ressacas marítimas, tsunamis e inundações. Contudo, com as tecnologias e inovações da engenharia, a construção não deteve problemas no quesito de atividades sísmicas, resistindo de modo eficiente às instabilidades sísmicas.

Figura 5 – Anel de fogo do pacífico

 Fonte: D.W.

Fonte: https://www.dw.com/pt-br/cientistas-descartam-conex%C3%A3o-entre-terremotos-no-equador-e-no-jap%C3%A3o/a-19196566

JAPÃOREAL. Aeroporto de Kansai: Japão construiu o primeiro aeroporto flutuante do mundo em 1994. Disponível em: https://japaoreal.com/2021/08/07/aeroporto-de-kansai-japao-construiu-o-primeiro-aeroporto-flutuante-do-mundo-em-1994/. Acesso em: 16 jun. 2022.

PORTAL MET@LICA CONSTRUÇÃO CIVIL. Aeroporto Internacional de Kansai – Japão. Disponível em: https://metalica.com.br/aeroporto-internacional-de-kansai-em-osaka-no-japao-2/. Acesso em: 16 jun. 2022.

XII FATECLOG. OS FENOMENOS NATURAIS DE OSAKA E AS OPERAÇOES DO KIX – AEROPORTO INTENACIONAL DE KANSAI. Disponível em: https://fateclog.com.br/anais/2021/2-3-1-RV.pdf. Acesso em: 16 jun. 2022.

ESTÚDIO UAI. Aeroporto de Kansai. Disponível em: https://duqueuai.wordpress.com/indicacoes/nucleo/the-work/aeroporto-de-kansai/. Acesso em: 16 jun. 2022.

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