
Considerado como a rota marítima mais movimentada do mundo, o Canal do Panamá é um canal de navios com 77,1 quilômetros de extensão e tem papel crucial na economia mundial reduzir o tempo de viagem das cargas que desejam atravessar a Grande América, evitando assim contorná-la nas turbulentas e perigosas águas do pacifico ao sul de Chile e Argentina. O tempo de viagem para contornar a América do Sul é de aproximadamente 4 semanas enquanto a travessia do Canal do panamá é de apenas 15 horas. Dado isso, é justificável que mais de 200 milhões de toneladas em mercadorias atravessem o canal todos os anos. O preço estimado para a utilização do canal é de U$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil dólares) por travessia. O numero de navios que atravessam o estreito do panamá por ano passou de 1.000 em 1914 para 14.000 em 2014.
- Construção e um século de operação
1ª tentativa
Em 1878, após longas negociações e transações o governo colombiano autorizou a construção do canal. A construção ficou a cargo do empresário e diplomata francês Ferdinand de Lesseps que já havia construído o famoso Canal de Suez do Egito. O inicio se teve em 1881, mas devido aos mais variados fatores, como a diferença de clima (no Panamá há chuva com nevoeiro 8 meses no ano) e terreno entre o Egito e a América Central, e a doenças tropicais (malária e febre amarela), a companhia de “de Lesseps” entrou em falência por não conseguir dar continuidade às obras.
2ª tentativa
Depois de encerradas as obras, passaram-se 20 anos até que os Estados Unidos, representado pelo presidente Theodore Roosevelt, demonstrasse interesse em dar continuidade ao projeto, visando o poder politico e econômico que este canal proporcionaria. Após alguns atritos com o governo colombiano em 1903, os panamenhos rebelaram-se com apoio dos Estados Unidos e assim obtiveram sua independência. Assim, as obras do Canal do Panamá reiniciaram em 1904 e foi inaugurado em 1914.
O projeto consistia em construir diversas eclusas* durante todo o canal, até que o engenheiro-chefe da obra teve a ideia de criar um lago represado que encobriria um terço do trajeto. Assim, o número de eclusas foi diminuído e o projeto se tornou viável. A entrada do canal está alinhada ao nível do Oceano Atlântico e dá acesso a chamada eclusa 1, ela enche de água até que esteja nivelada com o outro trecho e segue até a eclusa 2, este processo se repete até que a embarcação chegue ao lago artificial**. Após atravessa-lo, ela chegará à outra eclusa alinhada com o lago represado e está eclusa perderá água até estar nivelada com a próxima eclusa, repetindo-se o processo até a embarcação chegar à última eclusa, que está nivelada ao Oceano Pacífico***. O canal é de mão dupla, possibilitando ambos os sentidos, mas apenas um navio por vez em seu projeto original.

*Eclusas são estações elevatórias que consistem em receber um navio pelo mar, fechar suas comportas e receber água até o nível d’água alinhe-se com a saída da estação. As eclusas fizeram com que o canal natural fosse modificado, tendo agora 3 níveis d’água diferentes.
**O lago Gatún está 25 metros acima do nível do mar e foi represado para diminuir os custos da construção do canal, para fornecer água para que o canal adapte os níveis de água de cada trecho, para encher as estações elevatórias e para fornecer energia para o seu funcionamento, pois no caso contrario não poderia ter sido construído e nem ser operado até hoje. Para atravessar o canal o navio deve ser pilotado pela equipe do Canal do Panamá e conduzido com a ajuda de locomotivas nas laterais das estações elevatórias, para isso o navio deve estar com os motores desligados, pois pilota-lo dentro do estreito canal certamente causaria rupturas nas laterais das eclusas devido a colisões.
*** O trecho entre o lago Gatún e o Oceano Pacífico é conhecido como “a falha” pois tem um trecho entre a última eclusa e o lago Gatún demasiadamente estreito e com curvas extremamente difíceis mesmo para os pilotos mais experientes do mundo, por isso a equipe de manobra do panamá é considerada a melhor do mundo e vem evitando acidentes desde 2001 quando um navio afundou dentro do canal. Este trecho também sofre constantemente com deslizamentos massivos de terra devido a atividades geológicas e por isso mobiliza a maior draga (navio escavador) do mundo para manter o trecho navegável, estima-se que um ano sem a operação das dragas é o suficiente para tornar “a falha” intransitável.
- A reforma
Atualmente, o canal tem encontrado muitas dificuldades nas travessias devido às colossais dimensões das embarcações atuais (que só tendem a crescer). Assim o canal perde clientes para o seu maior e melhor navegável concorrente, o canal de Suez que conecta o Mar mediterrâneo e o Oceano Pacífico cortando o Egito. Devido a isso, o Canal do Panamá está em processo de expansão e será alargado, com dragas e perfuradoras em uma das maiores obras de movimentação de terra da humanidade. Esta grande obra geotécnica aumentará a largura e a profundidade do canal para que ele torne-se navegável para as futuras gerações de navios cargueiros. Além disso, estão sendo adicionadas novas eclusas com capacidade de elevar navios com 3 vezes mais cargas que as eclusas atuais, com isso o canal irá atender a nova demanda mundial e irá baratear os preços de mercadorias por todo o mundo.

Fonte: O autor
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