A Industrialização da Construção Civil no Brasil

Escrito por: Cornélio Albuquerque

A Revolução Industrial já é um assunto bem conhecido das aulas de História: ocorreu no século XVIII na Europa – com destaque para a Inglaterra – onde os processos de produção de bens, que antes eram em sua maioria feitos de forma manual pelos mestres artesãos, foram compassadamente evoluindo ao ponto em que as máquinas faziam boa parte das etapas do processo de produção, trazendo produtividade, maior padronizada e gerando um produto com qualidade melhor controlável.

Ao longo dos anos, a Industrialização vem evoluindo continuamente e abrangendo diversas novas áreas. Não só o número de indústrias teve evolução, mas também os processos internos (modelos de produção, técnicas de administração e gestão, papel do funcionário, entre outros) e os maquinários (destaque para os sistemas de automação) por exemplo, tudo muito rápido. Porém, um dos setores que não conseguiu acompanhar esse frenesi industrial foi a Construção Civil que, apesar de ter evoluído com o passar dos anos, ainda tem muito o que melhor nos quesitos de aumento de produtividade, redução de desperdícios, qualidade e controle de produto, redução de incertezas e imprevistos, entre diversos outros pontos de melhora que a industrialização traz consigo.

Porém, nas últimas décadas, podemos finalmente dizer que tal panorama vem mudando. Alguns exemplos que podem ser dados quando se falar em Industrialização da Construção Civil são as empresas Tecverde e Brasil ao Cubo. Confira abaixo um pouco sobre como essas empresas vem revolucionando a área de Construção Civil.

Sistema Estruturado Em Peças Leves de Madeira Maciça Serrada (Light Wood Framing) da Tecverde

A Tecverde é uma empresa criada no ano de 2009 que utiliza do sistema construtivo do tipo Light Wood Framing nas suas obras. Este sistema tem raízes alemãs e, segundo o documento de avaliação técnica emitido pelo Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ) quanto ao sistema Tecverde (DATec 020C), utiliza de quadros estruturais feitos de peças de madeira serradas e autoclavadas para produção de parede externas e internas e entrepisos.

Ainda segundo o DATec 020C, as paredes desse sistema construtivo são formadas por quadros estruturais de madeira (os frames) que recebem chapas de OSB (Oriented Stand Board) em ambas as faces para contraventamento. A montagem dos frames e a fixação das chapas de OBS são feitos de forma automatizada. As instalações elétricas e hidráulicas são inseridas antes do total fechamento do frame com as chapas. Para revestimento das paredes há 3 principais opções, utilização de placas cimentícias para acabamentos externos em parede externas; utilização de duas camadas de gesso para drywall nas faces internas de paredes que ficam em áreas secas e chapas de gesso do tipo RU (resistente à umidade) para faces internas das paredes que se encontram em áreas molhadas ou molháveis. Ao fim se tem o que é chamado de painel. Estes são produzidos totalmente em fábrica e, quando finalizados, são transportados até o local da obra para ser feito apenas a montagem e acabamentos finais sobre a fundação já construída no local.

Outro diferencial são os pisos e a cobertura das casas produzidas pelo sistema da Tecverde, que também são produzidos em fábrica e despachados para a obra para finalização e montagem. Segundo a Tecverde, com seu sistema construtivo, até 85% da obra pode ser feito em chão de fábrica, o que garante diversos pontos positivos como agilidade, controle de qualidade e de segurança.

Imagem: Içamento de um painel pronto da Tecverde

Construção Modular Off-site da Brasil ao Cubo

A Brasil ao Cubo, por sua vez, é uma Construtech criada em 2016 que utilizada o método construtivo off-site, onde a construção ocorre fora do local de implementação do projeto, em um parque fabril sobre condições mais seguras, padronizadas e sustentáveis.

A Brasil ao Cubo trabalha com construção modular, onde os projetos que eles recebem passam por uma modulação, ou seja, são adaptados de modo a ser possível “dividir” a estrutura completa em porções padronizadas, fatiando a estrutura em blocos, os quais serão posteriormente produzidos no seu parque fabril. Estes módulos possuem estrutura em aço e saem da fábrica já com os sistemas elétricos, hidráulicos, de ar condicionado e cabeamento de TV, podendo até sair já com as decorações internas. Uma vez prontos. os módulos são transportados individualmente até o local da obra para serem acoplados através de um sistema exclusivo desenvolvido pela empresa, denominado Plug and Play BR3.

Imagem: Construção de um módulo na Brasil ao Cubo

Fonte: <https://brasilaocubo.com/wp-content/uploads/2019/10/imagem-fabrica-1024×768.jpg&gt;

O papel da Industrialização da Construção Civil no combate ao Covid

A pandemia de coronavírus se mostrou um desafio avassalador para o sistema de saúde brasileiro. Os problemas estruturais do sistema aliado aos problemas na implantação do isolamento social em alguns estados brasileiros causaram a lotação dos leitos hospitalares e UTIS.

Para ajudar no combate ao coronavírus, algumas empresas brasileiras patrocinaram a construção de hospitais e a expansão de outros já existentes. Podemos citar aqui a iniciativa da Ambev e da Gerdau, que juntas apresentaram o desafio de construir uma expansão do hospital M’boi Mirim à empresa Brasil ao Cubo, onde seriam construídos 100 leitos hospitalares em tempo recorde para atendimento exclusivo de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) infectados com o Covid-19. Com a utilização do método off-site da Brasil ao Cubo e em parceria com a Tecverde, foi possível realizar a construção desta expansão em apenas 33 dias, totalizando 1350 m² de área construída e deixando a estrutura rapidamente pronta para ser usada no combate do coronavírus e, após a pandemia, no atendendo da população em geral.

Imagem: Acoplagem dos módulos do Hospital M’boi Mirim

Fonte: <https://i.ytimg.com/vi/n0gFYwF98aw/maxresdefault.jpg&gt;

Imagem: Hospital M’boi Mirim

Fonte: <https://www.sienge.com.br/wp-content/uploads/constru%C3%A7%C3%A3o-modular-off-site-2.jpeg&gt;

Enfim, estes são alguns exemplos de empresas brasileiras que vem realmente fazendo jus ao título de Indústria da Construção Civil, porém ainda há passos a serem dados rumo a uma revolução industrial no setor, trazendo consigo melhoras em prazos de construções, padronização do produto e da qualidade, orçamentos assertivos, menos imprevistos, menos surpresas durante o processo construtivo, preços mais baixos e, principalmente, sustentabilidade ambiental.


BIBLIOGRAFIA

A TECVERDE. Tecverde. Disponível em: <https://www.tecverde.com.br/a-tecverde/&gt;. Acesso em 08 de outubro de 2020.

Brasil ao Cubo. Disponível em: <https://brasilaocubo.com/&gt;. Acesso em 08 de outubro de 2020.

Como é um empreendimento Tecverde. Tecverde. Disponível em: <https://www.tecverde.com.br/sistema-construtivo/&gt;. Acesso em 08 de outubro de 2020.

Revolução Industrial. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm&gt;. Acesso em 08 de outubro de 2020.

Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ); Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT). DATec 020-C: Sistema estruturado em peças leves de madeira maciça serrada – Tecverde (tipo light wood framing). Agosto de 2018. Disponível em: http://www.tecverde.com.br/wp-content/uploads/2016/07/DATec020C_atualizado.pdf. Acesso em 08 de outubro de 2020.

Imagem de capa. Disponível em: <https://www.tecverde.com.br/wp-content/uploads/2020/04/Montagem-Hospital-10.jpg&gt;.

Imagem 1. Disponível em: <https://www.tecverde.com.br/sistema-construtivo/&gt;.

Imagem 2. Disponível em: <https://brasilaocubo.com/wp-content/uploads/2019/10/imagem-fabrica-1024×768.jpg&gt;.

Imagem 3. Disponível em: <https://i.ytimg.com/vi/n0gFYwF98aw/maxresdefault.jpg&gt;

Imagem 4. Disponível em: <https://www.sienge.com.br/wp-content/uploads/constru%C3%A7%C3%A3o-modular-off-site-2.jpeg&gt;

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