Biotecnologia: Uma aliada no avanço da construção civil

Escrito por: Matheus Vieira Carneiro

A Quarta Revolução Industrial foi marcada pela fusão de tecnologias distintas e a união de esferas digitais, físicas e biológica. Dessa forma, cada vez mais utilizamos a tecnologia como uma aliada nos processos do dia a dia, otimizando diversas áreas e atividades, por exemplo, a Engenharia Civil. Devido a isso, a Biotecnologia vem ganhando mais importância e notoriedade na sociedade atual, sendo capaz de proporcionar avanços significativos na construção civil.

O que é a Biotecnologia?

Essa ciência pode ser descrita como um conjunto de procedimentos e técnicas envolvendo a manipulação de organismos vivos para fabricar ou modificar produtos e resolver problemas na sociedade. A palavra tem origem grega: “bio” significa vida, “tecnos” remete à técnica e “logos” quer dizer “conhecimento”.

Mesmo que pareça uma ciência bastante atual, a biotecnologia já era utilizada desde a civilização babilônica, através, por exemplo, da utilização de microrganismos vivos na fabricação de pães e cervejas. Sendo essa estratégia chamada de biotecnologia clássica.

Imagem 1: Biotecnologia.

Fonte: UFRGS

Produção de Tijolos

Os diversos avanços na biotecnologia podem influenciar a forma como certos processos ocorrem na construção civil. Podemos tirar, como exemplo, a ideia da start-up de biotecnologia conhecida como, BioMason, que foi capaz de desenvolver um método para sintetizar tijolos a partir de bactérias e outros materiais encontrados na natureza. Essa start-up conseguiu “cultivar” materiais através do emprego de microrganismos.

“Bactérias proporcionam um ambiente adequado para formar, a partir da combinação de nutrientes, nitrogênio e cálcio, um cimento natural em temperaturas ambientes, levando menos de cinco dias para a produção do composto.”

BioMason

O modelo criado pela essa BioMason é extremamente viável para o mercado, não apenas por envolver a evolução das produtoras de alvenaria, mas também possibilitando a redução de grandes quantidades de dióxido de carbono, visto que esse processo não utiliza combustíveis fósseis. Além disso, é importante ressaltar, que apenas em 2008, a produção de cimento foi responsável pela emissão de 2,8 bilhões de toneladas de CO².

Imagem 2: Tijolo criado com bactérias.

Fonte: ArchDaily

Redução de patologias

Além disso, a biotecnologia não está ligada somente à produção de tijolos. As grandes construções pelo mundo vem adotando técnicas construtivas inovadoras todos os dias, mas a maioria delas utiliza, ao menos em uma de suas etapas, o concreto, visto que é o segundo produto mais utilizado do mundo, depois da água. Mesmo esse material apresentando uma boa resistência e durabilidade, ainda se torna necessário que ocorram manutenções, pois casos como o desabamento de 2008, em Miami, nos provam isso.

Desse modo, há uma necessidade de os cientistas estarem constantemente aprimorando esse material, para que sejam possíveis construções cada vez maiores e mais altas. Sendo assim, pesquisadores da universidade de Tecnologia de Drelft, na Holanda, buscaram maneiras de solucionar o processo de deterioração pelas ações da natureza, Dessa forma, mesclando estudos de biologia com a Engenharia civil, os cientistas foram capazes de desenvolver bioconcretos.

Esse material desenvolvido através da biotecnologia chegou para revolucionar a construção civil, já que ele é capaz de regenerar suas próprias rachaduras. Entretanto, por ser um material mais caro que o concreto comum, acaba por ainda não ser tão utilizado, porém seu custo/benefício é maior quando avaliado a longo prazo, tornando-se uma opção mais barata e sustentável, sendo capaz de estender a vida útil de construções.

Imagem 3: Representação do Bioconcreto.

Fonte: Republica da Engenharia

O bioconcreto é capaz de se regenerar por meio da digestão e alimentação de bactérias específicas, pois as bactérias utilizadas precisariam ser resistentes a condições sem oxigênio. Para isso, as Bacillus pseudofirmus foram escolhidas para o processo. Quando elas saem da inércia, consomem o lactato de cálcio utilizado na mistura do concreto, liberando calcário na digestão, que ocupa o espaço aberto no concreto. Sendo assim, o calcário produzido é acumulado na região das rachaduras.

Ademais, além da diminuição de possíveis gastos com a manutenção na construção civil, o bioconcreto, assim como os tijolos produzidos com microrganismos, também é capaz de reduzir as emissões de carbono.

Portanto, é perceptível o grande potencial existente na biotecnologia e na sua capacidade de desenvolver inúmeras inovações para a sociedade, assim como, em otimizando processos já existentes nela, ajudando tanto na questão da sustentabilidade, como na qualidade de vida.

Referências

BLOG TOMADAS E INTERRUPTORES. Bioconcreto: o que é e como ele é capaz de se regenerar. Weg.net, 2021. Disponível em: https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/bioconcreto-o-que-e-e-como-ele-e-capaz-de-se-regenerar/#:~:text=Mas%20o%20que%20%C3%A9%20Bioconcreto,biologia%20com%20a%20engenharia%20civil. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

CROPLIFE BRASIL. Biotecnologia: o que é e como ela ajuda a humanidade a se desenvolver. Croplife. Disponível em: https://croplifebrasil.org/conceitos/a-biotecnologia-e-o-desenvolvimento-da-humanidade/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20biotecnologia%3F,%E2%80%9D%20quer%20dizer%20%E2%80%9Cconhecimento%E2%80%9D. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

FOSTER, James Taylor. Tijolos feitos a partir de bactérias. Archdaily, 2014. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-179466/tijolos-feitos-a-partir-de-bacterias. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

CELERE. Isolamento de fungos, concreto de vegetais e a biotecnologia na construção civil. Celere, 2018. Disponível em: https://celere-ce.com.br/sustentabilidade/biotecnologia-na-construcao-civil/. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

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